Histórias de Viagem: Viajar me deixou milionário


Rafael Sette - Viajar me deixou milionário. Literalmente. Foi só quando coloquei uma mochila nas costas e resolvi rodar o mundo que carreguei mais de dois milhões no bolso. Isso aconteceu numa cidade de praia, bem parecida com essas que todo mundo conhece: surfistas cariocas por todos os lados, restaurantes especializados em PF – o tradicional Prato Feito – na beira da praia e diferentes sotaques do nosso português compartilhando cervejinhas de frente para o mar. No dia que cheguei lá, fui até o caixa eletrônico e saquei a quantia máxima permitida: dois milhões e 500 mil. Dois milhões e 500 mil rúpias da Indonésia, o equivalente a uns R$ 500 no câmbio atual.
As praias da península Bukit, em Bali, na Indonésia, tem uma gigantesca população de brasileiros. Conhecida pelas ondas, a região atrai brasileiros de todos os tipos. Até os que nunca pegaram uma onda sequer, tipo a gente. A Indonésia tem cerca de 18 mil ilhas, uma das maiores populações do planeta e, claro, uma moeda absurdamente desvalorizada. Um real vale cerca de 5 mil rúpias da Indonésia.


O custo de vida por lá é baixíssimo. Com pouco mais de R$ 7 por pessoa, pagávamos a diária do melhor hotel em que nos hospedamos durante toda nossa viagem de volta ao mundo. Um chalé, com uma piscina na frente, internet wi-fi e pertinho da praia. Com R$ 25 por dia (e por pessoa) vivíamos bem, comendo em bons restaurantes, bebendo em bons bares e sem nenhuma preocupação em economizar demais.

O ponto aqui é simples: viajar não precisa ser caro. É possível viajar o mundo, com um bom nível de conforto, gastando menos do que é preciso para levar uma vida “normal”, em qualquer grande cidade do Brasil. E para isso não basta ir para um país mais barato que o nosso. É preciso saber quando e  como economizar. Na mesma Bali dos hotéis de R$ 7, encontramos um brasileiro que estava pagando R$ 150 pela diária de um resort – que cobrava pela wi-fi – , tudo porque ele reservou sem pesquisar.
Mesmo que um planejamento eficiente seja capaz de baratear qualquer viagem, até para países onde o custo de vida é mais elevado que o do Brasil, é evidente que existem lugares que são praticamente um paraíso para mochileiros: extremamente baratos e, o melhor, muito interessantes. No começo deste ano o site Price of Travel fez uma lista com 116 cidades, mostrando quais são os destinos mais atraentes para mochileiros e viajantes que não tem nem escorpiões no bolso (porque não teriam recursos para alimentar os bichos e a eles próprios ao mesmo tempo).
O top 10 de cidades mais baratas é dominado pela Ásia: Pokhara (Nepal), Hanoi (Vietnã), Katmandu (Nepal), Phnom Penh (Camboja), Chiang Mai (Tailândia), Nova Délhi e Goa (Índia) ocupam as primeiras colocações, todas com gasto de menos de US$ 20 por dia.

Goa, na Índia
















Das cidades citadas pelo site gringo, estivemos em algumas. Em Pokhara, no Nepal, também ficamos milionários. Gastávamos ridículos R$ 8 por quarto num hotel bacana e comíamos em ótimos restaurantes somente com aquela nota de R$ 2 que fica perdida (e toda esmagada) no bolso da calça. Tudo isso num dos lugares mais incríveis do mundo: Pokhara é uma pequena cidade, às margens de um lago e cercada por três picos nevados com mais de oito mil metros de altura. Viu que dá para chamar de paraíso?


Katmandu, capital do país, também não fica atrás – lá é até complicado achar um hotel razoável com diárias a mais de R$ 10, café da manhã incluso. Também estivemos nas representantes indianas da lista: Délhi e Goa são baratas se comparamos com o Brasil, mas existem inúmeras cidades turísticas mais econômicas que elas na terra da vaca. Já Chiang Mai, na Tailândia, também nos ofereceu preços extremamente convidativos, mas o resto do país, principalmente as praias, não são muito baratas não.

Vale sempre lembrar que viajar não te deixa rico de verdade, afinal milhões de rúpias da Indonésia podem até ser muito dinheiro para o país (e talvez seja mais do que a fortuna atual do Eike), mas não garantem a entrada de ninguém na lista da Forbes. Por outro lado, viajar enriquece também de forma simbólica: acumular experiências, conhecer novas culturas e aprender a conviver com o novo e a entender a vida por outro ponto de vista são riquezas sim, embora não envolvam acúmulo de dinheiro. Ainda bem.

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